Jornal de antivirais e antirretrovirais

Jornal de antivirais e antirretrovirais
Acesso livre

ISSN: 1948-5964

Abstrato

Durabilidade da terapêutica antirretroviral de primeira linha: razões e fatores preditivos para modificações numa coorte da Suazilândia

Simbarashe Takuva, Goedele Louwagie, Khangelani Zuma e Velephi Okello

Enquadramento: A otimização dos regimes iniciais de terapêutica antirretroviral (TARV) é fundamental para melhorar a durabilidade da eficácia do tratamento e o prognóstico do doente. As razões e os factores de risco relacionados com a necessidade de modificações da TARV foram avaliados numa coorte de doentes ambulatórios em Mbabane, Suazilândia.
Métodos: Examinámos os dados clínicos de rotina de 782 doentes que iniciaram TARV de primeira linha entre 1 de março de 2006 e 31 de março de 2008. A modificação do tratamento foi definida como uma primeira substituição de um único medicamento ou uma primeira mudança de regime. Foram utilizados modelos de regressão multivariada de Cox por partes para identificar os fatores de risco para a modificação da TARV.
Resultados: Durante um período médio de seguimento de 21 meses, 17,5% dos doentes modificaram o seu regime. A toxicidade do medicamento (taxa de incidência de 6,3 por 100 pessoas-ano (IC 95% 5,2-7,7)) foi responsável por 76,6% dos motivos de modificação. As contraindicações medicamentosas (taxa de incidência 9,5 por 100 pessoas-ano (IC 95% 6,5-13,9)), nomeadamente a tuberculose (13,1%) e a gravidez (6,6%), representaram 19 ,7% das modificações. No modelo de regressão multivariada ajustada de Cox por partes, para além dos 11 meses em TARV, foi observada uma contagem basal de células CD4 <200 células/mm3 (HR 4,42; IC 95%: 1,62 – 12,1), tendo estavudina (d4T) no regime inicial (HR 2,64 ; IC 95%: 1,56 – 4,46), peso basal > 60kg (HR 2,40; IC 95%: 1,43 – 4,04) e aumento da idade (HR 1,03; IC 95%: 1,00 – 1,05) aumentaram o risco de modificação.
Conclusões: Iniciar a TARV mais cedo, com contagens de CD4 mais elevadas, evitar medicamentos com perfis de segurança fracos, como o d4T, e identificar indivíduos que possam necessitar de tratamento para a tuberculose ou que possam engravidar podem reduzir as taxas de modificação. Isto melhoraria a tolerabilidade do regime, preservando ao mesmo tempo as opções de tratamento futuras.

Top