ISSN: 2161-0487
Henrique Pereira, Samuel Monteiro, Graça Esgalhado, Rosa Marina Afonso e Manuel Loureiro
Este artigo centra-se no estudo da felicidade a partir de duas perspectivas que acompanharam a evolução histórica do seu estudo científico: a sua definição conceptual como constructo e a sua medição. Pretendemos integrar e analisar o desenvolvimento e validação de uma nova medida, adaptada à realidade e às especificidades socioculturais de Portugal, que se debate com contingências socioeconómicas particulares que surgiram contemporaneamente. Pretendemos ainda desenvolver metodologias para a obtenção de dados válidos e actualizados sobre indicadores psicossociais de felicidade e bem-estar subjectivo da população portuguesa. Este artigo explora, portanto, o problema da medição da felicidade dentro do complexo contexto conceptual da (in)definição e (in)mensurabilidade operacional. O artigo assume objetivos instrumentais e descritivos e tenta contribuir para o desenvolvimento e validação de um novo instrumento de avaliação da felicidade. Estes objectivos assentam numa concepção teórica multifactorial que incorpora dimensões pessoais, sociais e ambientais, e que permite fornecer indicadores específicos de felicidade e um indicador global agregado. Método: Este estudo foi um inquérito transversal a 645 portugueses. O Questionário de Felicidade da Covilhã (CHQ) utiliza 41 itens para medir a felicidade de uma pessoa. Resultados: A análise fatorial exploratória revelou uma estrutura fatorial 5-dimensional bem ajustada (KMO = 0,914), com fortes cargas fatoriais e excelente fiabilidade interna (α de Cronbach = 0,921). O CHQ avaliou as seguintes dimensões: emoções positivas, interações socialmente gratificantes, autocuidado, participação em atividades significativas e envolvimento da estrutura socioeconómica. Conclusão: O CHQ tem uma boa validade aparente e propriedades psicométricas sólidas. É uma medida culturalmente adaptada e, por isso, de fácil utilização para investigadores e outros que utilizem a escala.