ISSN: 2329-8731
Ossibi Ibara BR*, Sekangue Obili G, Adoua Doukaga T, Ekat Martin, Mvoumbo G, Bendett P, Kinga F, Nkouka E, Okoueke R, Kitembo L
Objectivo: Determinar a prevalência da Tripanossomíase Humana Africana (THA) em crianças no Congo-Brazzaville e procurar factores associados. Doentes e Métodos: Estudo retrospectivo descritivo e analítico de casos de TAH em crianças no Congo entre 1 de Janeiro de 2004 e 31 de Dezembro de 2020, ou seja, 17 anos. Resultados: De um total de 3.238 pessoas triadas como passivas, 335 eram crianças e 89 estavam confirmadamente doentes, ou seja, 2,7% da População Total Examinada (PTE). A média de idades foi de 9,8 ± 5,2 anos (10 dias-17 anos), sexo feminino (n=48; 53,9%) com um rácio de sexo de 0,8, proveniente do agregado familiar Ngabé (n= 54; 60,7%), escolaridade (n=44 49,4%). Os sintomas mais frequentemente encontrados foram febre (n=46; 51,7%), perturbações do sono (n=46; 51,7%) e cefaleias (n=21; 23,6%). O CATT foi positivo em todos os doentes e diluído para 1/32 em 50 casos (56,2%). A punção ganglionar foi positiva em 49 doentes (55,1%) e os tripanossomas foram isolados da CTC e do LCS em 28,1% e 41,6%, respetivamente. A contagem média de células no LCS foi de 163,9 ± 227,2 (1-1128) e os doentes foram classificados como estádio 2 em 68 casos (76,4%). O DFMO foi utilizado em 46 doentes (51,7%) e a pentamidina em 21 doentes (23,6%). O desfecho foi marcado pela cura em 77 casos (86,5%). Em 7 doentes (7,9%), ocorreu um óbito por encefalopatia arsenical em 4 casos (57,1%). O sexo feminino (p=0,03), a combinação DFMO+Arsobal (p= 0,006) estiveram associados à recaída, enquanto a idade <5 anos (p=0,004) esteve associada ao óbito. Conclusão: a prevalência da TAH em crianças congolesas, bem como a letalidade, foram elevadas durante o período de estudo. O sexo feminino, a idade <5 anos continua a ser um fator de mau prognóstico, assim como o uso combinado de DFMO+Arsobal.