ISSN: 2157-7013
Nicole Scheumann, Elisa Kieback and Wolfgang Uckert
A imunodeficiência combinada grave ligada ao X (SCID-X1), causada por um defeito na cadeia gama comum do recetor de citocinas (γc), foi tratada com sucesso por terapia genética na clínica. Contudo, a ocorrência de leucemia em vários doentes precedida de perda de oligoclonalidade revelou que o tratamento está associado a um risco inerente à modificação genética de células estaminais hematopoiéticas. Neste estudo, desenvolvemos uma abordagem de segurança que permite a eliminação específica de células geneticamente modificadas. Para tal, foi introduzida uma pequena sequência peptídica (myc-tag) na proteína γc murina. As células que expressam a cadeia modificada podem ser detectadas com um anticorpo específico para myc por citometria de fluxo e são efectivamente esgotadas in vitro na presença de factores do complemento. Além disso, as células T derivadas do timo de ratinhos reconstituídas com células estaminais da medula óssea transduzidas com γc marcadas com myc podem ser esgotadas pela administração de anticorpos in vivo. Da mesma forma, foi observada lise específica mediada pelo complemento para as células T humanas que expressam o γc humano marcado com myc. Num ensaio de proliferação celular, a cadeia receptora de citocinas modificada não apresentou qualquer comprometimento funcional em comparação com a cadeia do tipo selvagem. Em suma, mostramos a prova de princípio de um mecanismo de segurança para a terapia genética SCID-X1 que permitiria a eliminação de células corrigidas por genes num paciente após observação de crescimento monoclonal.