ISSN: 2161-0932
Adamu AN, Tunau KA, Hassan M e Ekele BA
Introdução: A eclâmpsia é uma das principais causas de mortalidade materna, especialmente em ambientes com poucos recursos. Existem dados limitados sobre a perceção da causa desta condição entre familiares de doentes que a sofreram. A informação pode ser relevante na redução do fardo global da eclâmpsia e qualquer medida ou investigação que ajude a reduzir a incidência valeria a pena.
Objectivos: Determinar quais as relações dos doentes com eclâmpsia percebidas como a causa da doença e conhecer o tratamento de 'primeiros socorros' prestado aos doentes com eclâmpsia no domicílio antes do atendimento hospitalar.
Método: Estudo prospetivo realizado na enfermaria de eclâmpsia de um hospital terciário. As relações dos doentes admitidos com eclâmpsia foram entrevistadas 24-48 horas após a chegada, utilizando um guião de entrevista semiestruturado. A análise foi realizada pelo pacote computacional EPI INFO.
Resultados: Foram inquiridos 159 (cento e cinquenta e nove) familiares de 56 doentes com eclâmpsia, com uma média de idades de 43 anos. A maioria dos familiares não tinha educação formal (80%; 127), 59% (N=75) atribuíram a eclâmpsia a ‘iskoki’ (espírito maligno) enquanto 20% (N=32) não tinham qualquer ideia da causa da eclâmpsia. Apenas 6% relacionaram corretamente a eclâmpsia com a hipertensão arterial. Dos 56 doentes com eclâmpsia, 71% (N=40) receberam tratamento de 'primeiros socorros' sob a forma de água benta 'rubutu'; de primeiros socorros domiciliários e óbitos maternos (p>0,05).
Conclusão: Existe pouca compreensão da etiologia da eclâmpsia entre os familiares dos doentes e isso pode ter implicações nos cuidados imediatos prestados ao doente. São necessárias campanhas de esclarecimento público para educar as pessoas sobre a causa e as complicações da eclâmpsia.