ISSN: 2161-0932
Diallo D, Thiam O, Touré FB, Konate D e Cisse ML
Objectivos: Descrever o perfil epidemiológico e clínico dos doentes evacuados, analisar os meios de evacuação bem como o custo da evacuação e, por fim, avaliar o prognóstico materno-fetal dos doentes evacuados.
Material e métodos: Realizamos um estudo prospetivo no período de janeiro a dezembro de 2015 abrangendo todas as urgências obstétricas evacuadas na maternidade de Ourossogui. Variáveis do estudo: epidemiológicas; condições de evacuação, aspetos diagnósticos e terapêuticos e aspetos prognósticos.
Resultados: A frequência de evacuação obstétrica foi de 66,2%. Os nossos doentes eram primíparos (39,2%), não estudavam (85,6%), casados (97,7%) e de baixo rendimento (94,7%), com uma média de idades de 24,8 anos. O número médio de CPN foi de 2,6. Mais de uma em cada três mulheres tinha 4 NPC ou mais (33,6%). A distância percorrida foi em média de 45,6 km com extremos de 1 km a 160 km. A ambulância foi utilizada em 90% dos casos. Os motivos da evacuação foram dominados pelo trabalho de parto obstruído em 29,4%; hemorragias em 26,5%. Foram registadas oito entregas ao domicílio e quatro em trânsito. O prognóstico materno foi favorável em 98,6%. Foram registados 17 casos de óbito, ou seja, 1,4%. A criança estava viva e bem em 83,2% e as mortes representaram 16%.
As mortes maternas ocorreram mais frequentemente entre mulheres analfabetas, de baixos rendimentos e com múltiplas gravidezes, com menos de 4CPNs e com menos de 35 anos de idade, que viajaram longas distâncias e foram evacuadas por pessoal não qualificado.
Conclusão: A evacuação obstétrica de emergência representa um grande desafio para o sistema de saúde da região de Matam. As melhorias incluem a literacia da população, a formação contínua do pessoal de saúde e o recrutamento de profissionais.